Formação



A ORDEM DO CAMELO



A ordem carmelita nasce a partir de um estilo eremitico vivido nas montanhas e vales do Monte Carmelo na Terra Santa (Israel). É chamado assim, por ser uma montanha com 170 metros de altitude que fica na cordilheira de mesmo nome, na Antiga Palestina (Israel), com 34 km de extensão limitando-se ao Norte com Haifa, cidade marítima, pelo sul com as terras de Cesaréia, pelo Leste com a planície de Esdrelon e a oeste com o mar Mediterrâneo.

Nos escrito bíblico o monte é famoso devido a sua fertilidade e natureza, assim como merece especial destaque a disputa do profeta Elias com os profetas de Baal (cf. ). Durante sua vida, Elias sempre revelou grande intimidade e amor ilimitado por Deus, fazendo com que seu exemplo fosse seguido por muitos, a começar por Elizeu (cf. )
Cultiva-se também grande devoção a Virgem Maria, devido ao surgimento de uma pequena nuvem q em forma de mão, enviada por Deus dando origem a providencial chuva na região. Com isso, passa a ser interpretada como intercessora em benefício do povo e por isso compreendida como sendo a própria Mãe de Deus.

Quando os cruzados, no século XII chegaram a Terra Santa, expalhou-se a notícias que ali havia eremitas vivendo a solidão, o silêncio e a oração e diziam ter como fundador o profeta Elias e grande devoção à Mãe de Deus, como a Virgem do Carmelo. Muitos deste cruzados aderiram então a nova vida.

A espiritualidade do Carmelo é a espiritualidade da união com Deus e intimidade divina

Entre estes estava Bertoldo, que nos anos de 1153 e 1159, com ajuda de seus companheiros constroem um pequeno oratório perto da gruta de Elias. Em 1229 estes homens almejando a vida religiosa, pediram a Santo Alberto, patriarca de Jerusalém, que lhe fizesse uma regra de vida, que posteriormente foi aprovada pelo para Honório III e aprovada em 1226.
Posteriormente, entre tantas tentativas de reforma na Ordem do Carmo, no século XVI, Santa Teresa de Jesus, com ajuda de São João da Cruz, na cidade Espanhola de Ávila reformula e atualiza a vivência dos carmelitas, fundando vários conventos de monjas carmelitas e também de frades.

Hoje a reforma Teresiana conta com 4.000 religiosos no mundo, com umas 30 províncias vicariatos e delegações. Prova de uma fecundidade são também as Irmãs Carmelitas em torno de 15.000 e as numerosas congregações de irmãs como as teresianas, missionárias e tantas outras.






POR FREI PATRICIO OCD.


A oração é chuva benfazeja que fecunda o deserto e o transforma em planícies fecundas. Ela é a autêntica escola onde conhecemos a nós mesmos, é um espelho onde somos chamados a olharmo-nos e aí reconhecermos o nosso rosto como imagem da Face Maravilhosa de Deus.

Os místicos têm a plena consciência de que nos espelhamos nele, onde nos reencontramos, e Deus se espelha em nós. Na oração descobrimos o incognoscível pela inteligência, mas possível de ser conhecido pela fé.Não é possível fugir de Deus, porque isso seria fugir de si mesmo.

O Senhor persegue docemente. A sua voz e presença arrebatam, como no episódio da sarça (cf. Ex 3,2), introduzindo no encanto maravilhoso que queima e não se consome.Rezar com seu jeito de serA oração não substitui minha personalidade nem exclui os sentimentos. Ao contrário, ela devolveu a minha autêntica “identidade”.

Hoje, depois de percorrer tantas estradas e atalhos que, em vez de me levarem para perto de Deus, levaram-me para longe, sinto que na oração posso ser eu mesmo, às vezes ferido, sangrando ou em farrapos, porém, eu mesmo. Santo Agostinho suplicava que o Senhor o “estraçalhasse” se isso fosse o seu amor, que o queimasse não o privando da Salvação. É no deixar-se amar pelo Senhor que o amor humano se vê levado a purificar-se para um aprofundamento.

Deus não quer na sua presença teatros, máscaras ou outras personalidades com o intuito de aparentar beleza. A oração, às vezes, é dança de amor que tenta seduzir o seu Deus com a beleza dos passos, do canto, da harmonia; em outros momentos se faz gemido, grito de extremo sofrimento que tenta aproximar-se de Deus pelo caminho das lágrimas e da dor.

Para ela é válido o caminho da desnudez e total despojamento. Sua simplicidade pode somente ser captada pelos caminhos da fé. Através dos caminhos divinos as características humanas são elevadas. A oração é uma necessidade interior inesperada, que obriga a parar e esconder o rosto entre as mãos e sussurrar: “Meu Deus, eu te amo!”. Para rezar bem é indispensável deixar-se levar pelas ondas do coração e pela força do acreditar.

Quando o vento do sentimento vem a faltar, entra em ação o vento forte da fé, que empurra o barco da vida contra a correnteza, até que cheguemos ao porto da paz e da tranqüilidade.É antes de tudo diálogo, relacionamento de amor e de amizade que vai crescendo lentamente e alarga-se nos outros. Não é possível rezar e não sentir interiormente as alegrias e os sofrimentos que agitam a vida dos nossos irmãos.

É importante descobrir a oração como momento de auto-conhecimento. Dizia Santo Agostinho: “Que eu te conheça, Senhor, para que me conheças”. Estou convencido que o nosso melhor terapeuta, psicólogo e psicanalista é o Senhor que, na intimidade, vai revelando a íntegra do “eu”, fazendo sentir as mudanças que são necessárias na vida.Rezar não é algo mecânico nem um exercício físico, mas um entregar-se ao Senhor da vida, para que atue o seu projeto.

O orante não tem mais “desejos próprios” nem “vontade própria”, porque aprendeu a ter como única vontade a do Senhor, que se manifesta no cotidiano. Não pode ser algo forçado, imposto, é como água borbulhando no fundo; é água viva que vai jorrando e fecundando vida nova em todas as áreas do ser.

Para Santa Teresa de Ávila, mestra da oração, o ato de rezar gera uma harmonia e um desenvolvimento de todos os nuances da pessoa. Para ela, “as almas que não rezam são como um corpo estropiado ou paralítico que tem mãos e pés mas não os podem mover...

 Há almas tão enfermas e tão habituadas às coisas exteriores que não há remédio nem parecem poder entrar em si mesmas” (1 M 1,6).Vai criando fortes convicções e alicerça a vocação individual, tornando a pessoa capaz de resistir a todas as dificuldades que pode encontrar.

É fonte de fortalecimento da vontade, orienta, ilumina e sustenta todos os passos no caminho da permanente conversão.Rezar com seu jeito de ser e viver é não ter medo de si mesmo, de se olhar para ver as feridas, não desanimar diante dos fracassos e sempre retomar o caminho para chegar à meta da ‘forte amizade com Deus’.

Três virtudes me parecem importantes se queremos rezar como somos: humildade, sinceridade e abandono.Rezar com humildadeA humildade é a virtude que nasce da consciência de descobrir-se pecador necessitado e pobre. O que mais atrapalha no relacionamento com Deus e com os outros é o orgulho, o sentimento de superioridade e de não se achar necessitado de nada.

A auto-suficiência é o pecado do mundo de hoje, onde costuma-se ouvir milhares de vezes por dia que é preciso ser independente. Isto pode ser verdade no plano humano, e o deve ser num certo sentido, porém não é aplicável no plano espiritual. Como podemos esquecer as palavras de Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (cf. Jo 15,5)?

A humildade é virtude que faz dobrar os joelhos e o pescoço diante da grandeza de Deus. Convida a prostrar com o rosto por terra e clamar ao Senhor que cubra com Sua misericórdia e amor.

É terreno fértil de onde brota a flor bela e perfumada da oração. Aliás, o orante, quando é humilde, não pede, simplesmente apresenta a sua enfermidade, estende a mão e tem no coração a certeza de que o Senhor a encherá com suas bênçãos e graças.

A humildade se faz silêncio, adoração. Rezar com sinceridade e abandonoSer sincero na nossa oração quer dizer, antes de tudo, refletir bem sobre o que e como pedir. Ser sincero é “despojar-se diante de Deus” e mostrar, sem vergonha e sem enfeite, as feridas mais íntimas. Poder dizer ao Senhor: “Tu me conheces e sabes do que necessito, não me dês, Senhor, o que te peço, mas o que vês ser-me necessário para viver no teu amor e na tua presença”. Pedir ao Senhor que mostre a situação de pecado, que ensine como cortar todos os laços que impedem a felicidade diante de Deus.

Rezar com sinceridade significa usar as palavras correspondentes à realidade, e não “simplesmente palavras”; isto não é um jogo de vocábulos, mas um compromisso de amor. Deus quer se relacionar com cada homem na sinceridade do desejo e das palavras.

O abandono é a virtude de quem reconhece a própria pequenez e incapacidade, mas confia naquele que tudo pode. É a virtude da criança que se coloca nas mãos do pai, confiando que Ele cuidará dela. Santa Teresinha dizia que “o abandono é a mais perfumada flor do amor”. A oração, para ser verdadeira, exige essa total entrega, esse abandono em Deus.Para terminar...Cada um deve saber encontrar o seu “jeito de rezar, de dialogar com o Senhor, de se aproximar dele” com humildade e sinceridade.

Não ter medo de mostrar a Ele as feridas, cantar as suas misericórdias, relatar as derrotas e contar os sucessos. Revelar-se como é, no estado em que se encontra, então Deus se revela como Ele é: Amor.O espelho da oração é a oração de Jesus: o Pai-nosso.

O Filho comunica-se com o Pai do jeito que é, totalmente interessado pelas coisas do Reino e preocupado ensinar como rezar, em mostrar toda a sua humanidade e solicitar, na humildade e sinceridade, o pão de cada dia, o perdão e a proteção contra as tentações. “Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome.

Venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém”.

Por: Frei Patrício OCD




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MARIA, DISCIPULA E MISSIONÁRIA...
Esta Maria é das dores e das graças, de Lourdes e de Fátima, das Mercês e do Bom Sucesso, da Glória e da Saúde, da Boa Viagem e do Desterro, da Esperança e da Paz, da Piedade e da Misericórdia, de um lugar e de muitos outros, na vila, nos alagados, da Rosa, da Várzea ou em Guadalupe; Rainha e Serva, Mãe e Filha, Mestra e discípula missionária, por ser da Conceição, Aparecida, do Carmo, a Imaculada. Ela é, reafirma o Documento de Aparecida, a discípula perfeita do Senhor. Sua perfeição é verdade da fé, explicitada pelo Papa Pio IX, em oito de dezembro de 1854, numa Bula, ‘Ineffabilis Deus’, dizendo: “Desde o primeiro instante de sua concepção, por graça e privilégio únicos do Deus todo-poderoso, a bem-aventurada Virgem Maria foi, em consideração aos méritos de Cristo Jesus, salvador do gênero humano, preservada pura de toda mácula do pecado original”. É imaculada desde a sua concepção, sem pecado, pela força da graça que gera os amigos de Deus, purifica os pecadores e faz os santos.
A singularidade de sua vida e a especialidade da graça que o mundo não vê e domina, perdendo a oportunidade de experimentá-la, comprovam o caminho de um discipulado que faz dela “a máxima realização da existência cristã como um viver trinitário dos ‘filhos no Filho’, através de sua fé (Lc 1,45)”.   Interlocutora do Pai em seu projeto de enviar o Verbo ao mundo para a salvação humana; com sua fé, Maria chega a ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos. Sua figura de mulher livre e forte emerge do Evangelho, conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Jesus. Ela viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem estar livre da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai. Alcançou, dessa forma, o fato de estar ao pé da cruz em comunhão profunda, para entrar plenamente no mistério da Aliança”.                                          

Maria, Mãe de Jesus, é modelo incontestável do discipulado que desafia o mundo contemporâneo para uma aprendizagem que permitirá um caminho novo para sua organização, com força de superação de lacunas terríveis e de cenários deprimentes, quando se contabilizam os diferentes ataques à vida e a perpetuidade dos cárceres, a céu aberto, impostos pela indiferença sub-humana com os mais pobres e com os indefesos. Maria é solidária, artífice da comunhão, generosa na oferta, mestra do primado da escuta da Palavra de Deus na vida do discípulo missionário. Nela a Palavra de Deus, como comprova o Magnificat que ela cantou, a Palavra de Deus se encontra de verdade em sua casa, de onde sai e entra com naturalidade. Diante do desafio de ser discípulo missionário, ela brilha como modelo fidelíssimo do seguimento de Jesus.